28 de Julho - Dia do Agricultor

  
Joaquim Augusto S. S. Azevedo Souza*

Mais difícil que defender é elogiar o produtor do campo, o nosso agricultor. Digo isso porque aquele elogio barato, inconsistente e desprovido de alicerce verdadeiro, recheado de banalidades e até hipocrisias, flui dos bajuladores com facilidade impressionante, bem perto do que seja ridículo. Perigoso, portanto, é o caminho do falso elogio!

Com tal cuidado, na qualidade de produtor rural e presidente de entidade representativa da classe agropecuária, imagino que, em tão significativa data, na qual jubilosamente nos congratulamos com todos os praticantes das atividades rurais, sejam agricultores ou pecuaristas, me manifesto com a mesma sinceridade que caracteriza esses verdadeiros heróis anônimos, que vivem o trabalho do dia a dia, respirando o ar das plantações e das pastagens, como alimento para a própria sobrevivência.

Por isso, é preciso que a sociedade urbana e todos nós tenhamos a consciência - especialmente quando nos alimentamos com suculentos pratos, sejam de arroz com feijão, o bom bife e ovos, saudáveis verduras e legumes fresquinhos ou mesmo de massas e outras especiarias, seguidos da boa sobremesa farta de frutas e até doces caseiros, para finalmente saborearmos o gostoso cafezinho amigo - que o agricultor foi quem produziu tudo isso. Foi ele quem - enfrentando os riscos inerentes às atividades agrícolas, incansável e batalhador, despojado e possuidor de invejável coragem que o autoriza investir cada tostão no preparo do solo e seus corretivos, nas sementes e nos insumos que as fertilizam e defendem, tudo para a boa formação das lavouras, dependentes também das condições climáticas e não só dos esforços de quem trabalha e produz - lutou com as forças que Deus lhe deu, para finalmente obter a produção do alimento que vai ser servido à mesa dos brasileiros e de todos os estrangeiros importadores de nossos produtos. Até em nossas roupas encontramos frutos do trabalho dos agricultores!
No mínimo, portanto, merecem, pelo menos. o nosso melhor "muito obrigado!!!"

É preciso, até para se fazer justiça a uma classe extremamente ligada ao desenvolvimento e progresso da Nação e que nunca teve medo de empreender, enfatizar a importância da agropecuária em todos os cenários da vida nacional e sua economia, não só como real mola propulsora, mas também como fonte de geração inesgotável de empregos, constituindo-se assim como grande contribuinte para o bom equacionamento das sérias dificuldades sociais impostas ao nosso País.

Não é segredo para ninguém, minimamente informado, que a agropecuária brasileira vem, há décadas, quebrando sucessivos recordes de produção. Produzimos, hoje, cinco vezes mais do que produzíamos na década de 80. E essa pujança e alcance de excelentes níveis de produtividade é reflexo dos enormes esforços de nossos produtores rurais que, aliados à formidável emprego tecnológico e eficiente maquinaria agrícola, junto ao excelente campo de pesquisas capitaneado pela Embrapa, conseguiram guindar o Brasil à vanguarda na produção e exportação de diversos produtos, entre os quais se destacam a soja, o açúcar, o suco de laranja, as carnes bovinas e de frangos, o café, o cacau e tantos outros. Além do que conseguimos, mesmo com algumas dificuldades impostas por ideologias contrárias, atingir a produção da agro-energia, renovável e limpa e também de fibras, o que propiciou excelentes resultados com a economia de divisas, através da conseqüente diminuição das importações de petróleo, enquanto que a utilização da energia vinda do bagaço da cana, especialmente pela agro-indústria canavieira, proporcionou também relevante economia no consumo de energia elétrica.

Por tudo isso e ainda por muito mais que não se pode escrever num único artigo, talvez no intuito de mostrar o sentimento do verdadeiro agricultor vocacionado, quero transmitir o que escreveu um deles:"Iluminado por uma luz radiante, busco em meus mais primitivos sentidos, no cheiro da terra, na doçura do mel, no contato com a semente, na beleza de um louro trigal, na alegria de saber que, por um sopro divino, fui agraciado com a nobreza de ser agricultor. Não é fácil, tampouco poderia ser, afinal despertar na alvorada, colocar a semente no seio da mãe terra, esperar seu tempo, não olvidar de sua missão, colher os frutos e partilhá-los; eis a felicidade completa: semear em profusão e colher, como disse Jesus na parábola do semeador"...

Por oportuno, lembro das sábias palavras do presidente Juscelino Kubischek, por ocasião da fundação do Ministério da Agricultura, no longínquo 28 de julho de 1960, quando se começou a celebrar a data como o dia do agricultor:" O País deve grande parte de prosperidade à economia agrícola; portanto é de justiça reverenciar aqueles que se dedicam ao cultivo da terra, transformando em riqueza dinamizada as dádivas naturais."

Nada mais adequado no presente. Salve, portanto, 28 de julho, a data magna da agricultura brasileira. E parabéns aos nossos produtores rurais pelo seu dia!

*presidente da Associação e do Sindicato Rural de Ribeirão Preto